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Pesquisa: Medidas para a prevenção de enchentes catastróficas em São Paulo

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Contexto

    Primeiramente, temos de levar em conta o contexto de emergência climática que vivemos. O Aquecimento Global, fenômeno causado pela excessiva liberação de gases de efeito estufa decorrente da ação humana, eleva as temperaturas médias globais através do efeito estufa de forma antrópica, como ilustra o desenho acima, produzido pelo site "Toda Matéria" . Isso, segundo pesquisas de diversos especialistas e cientistas ao longo dos anos, como os da World Weather Attribution, e o Departamento de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, faz com que eventos climáticos extremos se tornem mais prováveis e recorrentes. 

     Isso se manifesta, em parte, no aumento da recorrência de grandes precipitações torrenciais que chegam a devastar cidades, estados e países inteiros. Um exemplo disso é relatado pelo artigo “O papel do aquecimento global em eventos climáticos extremos”, do G1, que consta que “Segundo a análise da WTA, por volta do início do século 20 a precipitação exagerada no Vale do Ahr só teria probabilidade de acontecer a cada 500 anos. O aquecimento global, contudo, tornou o evento de 1,2 a nove vezes mais provável, podendo repetir-se dentro de 56 a 400 anos. Ao mesmo tempo, a chuva foi possivelmente de 3% a 19% mais forte do que seria 120 anos atrás. Em KwaZulu-Natal, os cientistas concluíram que a mudança climática tornou de 4% a 8% mais fortes as chuvas torrenciais que devastaram vilas inteiras, e dobrou sua probabilidade de ocorrer.”

    Agora, vemos isso no Rio Grande do Sul, onde chuvas torrenciais chegaram a mais de 100 milímetros de precipitação e causaram grande destruição, coisa que não era prevista e não ocorria há muito tempo. Sendo assim, não tardará a que esses eventos climáticos extremos passem a ser mais recorrentes e iminentes em São Paulo. Isso fica claro quando vemos a recorrência recente de fenômenos climáticos em escala recorde, como a chuva que aconteceu no dia 12/10/2024, onde, de acordo com a Defesa Civil, foi a chuva com a maior rajada de vento já registrada na região metropolitana, com 107,6 km/h.  Segundo o especialista Anderson Kazuo Nakano, professor do Instituto das Cidades da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em entrevista ao G1, "Com as mudanças climáticas, a temperatura dos espaços urbanos tem ficado maior. A tendência é que tenhamos grande quantidades de chuva intensas em um período mais curto de tempo. E as cidades não se prepararam para isso"

    Dessa forma, precisamos levar em conta a condição atual da cidade e sua capacidade de resistir a esses eventos. O processo de urbanização da cidade, modelado através do Plano de Avenidas de Prestes Maia, foi pautado na canalização dos rios paulistas, que foram concretados, e na substituição de áreas verdes por marginais, rodovias e prédios. Desconsiderando o meio ambiente tal processo levou a ampla impermeabilização do solo da cidade, fazendo-a vulnerável a enchentes. Isso porque, sem a área do leito maior para escoar, a água dos rios canalizados em baixo das ruas sobe, ao mesmo tempo que a água que cai na chuva não é absorvida pelo solo, uma vez que este foi impermeabilizado. Isso fica claro no documentário “Entre Rios”, cuja análise está presente na aba Doc MNM.  Tais riscos se manifestam ainda mais nos bairros periféricos, compostos por, muitas vezes, moradias sem condições de aguentar grandes chuvas e enchentes e/ou  improvisadas . Isso constitui um problema grave, uma vez que 9.4% da população paulistana vive em favelas segundo o Mapa da Desigualdade de 2022 feito pela Rede Nossa São Paulo. Além disso, essas áreas frequentemente não têm saneamento básico, segundo um levantamento recente realizado pela SP2, quase 370 mil imoveis em SP não possuem ligação com a rede de esgoto. Isso levaria ao amplo espalhamento de doenças durante inundações.

Soluções propostas

Para tentar prevenir os efeitos catastróficos desses eventos é portanto necessária a implementação de medidas e políticas públicas de mitigação que abordam cada vulnerabilidade da cidade a esses contextos.

    Segundo um artigo escrito por Claudia Maria Basso Poli, arquiteta e urbanista pela PPGEC e UFRGS “A atuação e a fiscalização dos órgãos responsáveis, tanto estaduais como municipais, no que tange ao uso e ocupação do solo, à utilização dos recursos hídricos e ao cumprimento da legislação, seriam um bom ponto de partida para a solução do problema”

     Dessa maneira, é necessário aumentar a permeabilidade do solo da metrópole paulista através da expansão e criação de áreas verdes, altamente permeáveis, que servem como uma espécie de esponja para as enchentes.

     Outra medida importante é a garantia e universalização de saneamento básico na cidade, uma vez que em caso de inundações, o saneamento é necessário para prevenir a grande proliferação de doenças decorrentes do espalhamento de água contaminada e com resíduos, sendo a educação da população para o tratamento e separação de lixo também imprescindível.

    Além disso, é essencial a elaboração de um plano de contingência eficiente para, em caso de precipitações torrenciais ou previsões dessas, retirar as pessoas de áreas de maior risco, prevenindo seu ferimento e até morte nas enchentes.

     Ao mesmo tempo, é necessário retirar as pessoas de áreas de risco elevado de deslizamento e inundações, e proporcionar moradias regularizadas para resistir às chuvas, garantindo a sua segurança.

     Por fim, é necessário verificar se os nossos rios (como o Tietê e Pinheiros) seriam capazes de absorver sem transbordar as águas de chuvas extremas, e, caso necessário, baixar seus níveis de água através de transposições. Considerando um possível prejuízo a suas biodiversidades, é necessário compensar suas alterações com a interrupção do assoreamento em seus fundos por meio do tratamento de esgoto e resíduos.

Fontes

Artigo do G1 "O papel do aquecimento global em eventos climáticos extremos"

Artigo escrito por Claudia Maria Basso Poli, arquiteta e urbanista pela PPGEC e UFRGS:

 As_causas_e_as_formas_de_prevencao_sustentaveis_das_enchentes_urbanas-libre.pdf (d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net)

Artigo escrito por Eduardo Antonio Licco, Silvia Ferreira Mac Dowell da Área de Pesquisa em Sustentabilidade Centro Universitário Senac

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